B19
Marujada São Paulo (Barca Nova)
Vitória Espírito Santo Brasil

B19 • Marujada São Paulo (Barca Nova)

O lado A apresenta dramatização da parte de mouros do auto popular marítimo conhecido como Marujada, interpretada pela Marujada São Paulo do Morro dos Alagoanos (Vitória, Espírito Santo), sob regência do Mestre José Pedro Lino, incluindo a Barca Nova, cantiga oriunda do folclore português. Aparenta ser uma regravação.

Obs: Não foi possível até o momento identificar todos(as) os(as) presentes neste registro.

Conteúdo detalhado

LADO A

[00:00:00.07]
> Marujada. “Somos Marinheiros…”

[…]
Somos marinheiros, vivemos contentes,
A nossa vida é no alto-mar,
Cumprindo a ordem do Almirante
Que nos ensina a trabalhar.

Não temos descanso, que vida cansada,
Juramos bandeira e somos militar,
Honramos a nossa farda que é o nosso dever
É preciso aprender para navegar.

É preciso aprender para navegar
Ter instrução e ter energia,
Boa munição e boa artilharia,
Aproveitar o vento e não perder tempo,
Navegamos noite e dia,
Estamos navegando em mar desconhecido
Só me parece o mar da Turquia.

[00:01:09.02]
> Marujada. “Santa Catarina”.

A noite é de inverno
Fui ferrar grandes velas
Não me sai da lembrança
É do meus amores de terra

Minha Santa Catarina,
Minha santinha do céu
Aonde mora esta santa?
Mora em Montevidéu

Minha Santa Catarina
Santa dos cabelos louros,
Mal empregado esta santa
Mora em terra de Mouros

[00:04:46.01]
> Marujada. “Embarca, embarca, meus marujos…”

Embarca, embarca,
Meus marujos,
Embarcam todos em cordão
Artilharia já salvou
Lá no Porto da Conceição

Embarca, embarca,
Meus marujos,
Embarcam todos na carreira
Artilharia já salvou
Lá no Porto da Ribeira

Embarca, embarca,
Meus marujos,
Embarcam todos pois assim
Artilharia já salvou
Lá no Porto do Bonfim.

[00:07:11.09]
> Marujada. “Lá se vai o embaixador…”

(patrão)
Lá se vai o Embaixador
Com muita raiva e grande dor.
Porque não leva a embaixada
Do nosso Governador.

[00:10:09.14]
> Marujada. “Batismo dos Mouros”

(padre)
Teus corpos serão queimados,
Suas cinzas lançadas ao mar.
Se a vida quiseres ter,
Mouro tens que se batizar

Prestarás o juramento
Pela lei da cristandade.
Se a vida quiseres ter,
Mouro tens que ser batizado.

(mouros)
Eu me batizo, sim,
Mas não é de coração.
É por causa de um Mafama
Que nos jogou em traição.

(padre)
Eu te batizo, mouro,
Mouro és fiel pagão,
Ah, depois de batizado
Mouro tu serás (és fiel) cristão.

[00:15:26.21]
> Barca Nova. versão da Marujada a capella.

Na saída de Lisboa,
Quando eu fui puxar os ferro
Lembrei-me das meninas,
Dos meus amores lá de terra.

Vinte e quatro de dezembro,
Meia-noite deu sinal
Rompe aurora primavera,
Viva a noite de Natal.

Vamos, ô maninha, vamos,
Vamos à praia brincar,
Vamos ver a barca nova
Que do céu cair ao mar

Traz Nossa Senhora dentro,
Com seus anjinho a remar,
São Francisco por piloto,
E bom Jesus por general.

Orça, orça marinheiro,
Orça este bordo de proa,
Ouça o que diz o Capitão Piloto:
Temos farol pela proa!

Traz Nossa Senhora Dentro,
Com seus anjinho a remar,
São Francisco por piloto, [pequena interrupção no áudio]
E bom Jesus por general.

FIM

Destaques

Início da fita. Marujada, parte de mouros.
Barca Nova. Versão da Marujada a capella.

Ficha técnica

Código de referência

GSN_FC_B19

Título (atribuído)

Marujada São Paulo (Barca Nova)

Data de gravação

Não especificada

Local de gravação

Vitória, ES, Brasil

Suporte de gravação

Fita Cassete

Duração

Lado A: 18min40s

Idioma

Português

Gênero

Dramatização

Data da digitalização

05/04/2021

Informações no estojo

Marujada

Marca e modelo

BASF C60 (2X30) Compact Cassete

Observações

Apenas lado A. Não há gravação no lado B.

Personagens

Mestre José Pedro Lino; Marujada São Paulo

Referências externas

A Comissão Espírito-santense de Folclore esteve envolvida desde o ano de sua instalação com a divulgação da Marujada São Paulo. Em 1949, foi promovida pela Comissão uma representação do auto popular marítimo no Parque Moscoso, em Vitória, por ocasião da II Semana de Folclore; em Maio de 1959, na cidade de Vila Velha, a Comissão divulga a apresentação da Marujada na praça Duque de Caxias e, em Setembro do mesmo ano, mais uma apresentação em Vitória como parte dos festejos do Dia da Cidade. Quanto ao registro presente nesta fita, sabemos que foi realizado pela Comissão nos estúdios da Rádio Espírito Santo, certamente antes de 1961. Ver:

NEVES, Guilherme Santos. Folclore, ano VIII, n° 51/54. Vitória, Novembro-Dezembro de 1957; Janeiro-Junho de 1958.
____________________ . Marujada São Paulo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 137-140.
____________________ . Vamos ver a Marujada São Paulo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 141-142.

____________________ . Revisão da Marujada. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 1 50-194.
____________________ . Registro da Música Folclórica no Espírito Santo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, p. 247.

O Mestre José Pedro Lino, natural de Alagoas, foi mestre da Marujada São Paulo em Maceió. Ao transferir-se para Vitória, fundou a Marujada São Sebastião, que mais tarde se encerraria e daria lugar à Marujada São Paulo do Morro dos Alagoanos. O auto por ela representado, portanto, acompanha de perto as versões apresentadas no Norte e Nordeste do Brasil. Ver:
____________________ . Marujada São Paulo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 137-140
____________________ . Órfã a Marujada São Paulo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 302-304.
____________________ . O mestre da Marujada São Paulo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 304-306.

A Barca Nova é uma cantiga oriunda do romance português, presente no folclore brasileiro em diversas versões, como na famosa cantiga de roda que leva este mesmo nome. Ainda, está presente na Parte de Mouros do auto popular conhecido no Espírito Santo como Marujada. A versão presente nesta fita se refere àquela cantada pela Marujada São Paulo do Morro dos Alagoanos (Vitória). Afirma Neves (1949) que, apesar de ter versos semelhantes à cantiga de rosa e à Marujada mateense, esta versão possui música completamente distinta das outras. Neste acervo, o trecho está contido também no conteúdo da fita GSN_FR_B26, em melhor qualidade. Ver:
NEVES, Guilherme Santos. Presença Açoriana no Folclore Capixaba. Folclore, n° 92. Vitória: Comissão Espírito-santense de Folclore. Agosto de 1979.
_____________________ . Barca Nova. Vida Capichaba. Vitória, 09 de Setembro de 1949.

Uso e permissão

Permitida divulgação. Permitida utilização educacional. Não permitido uso comercial.