C43
Orações, Reis-de-Boi, Congo, Jongo e Caxambu
Alegre Espírito Santo Brasil
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C43 • Orações, Reis-de-Boi, Congo, Jongo e Caxambu

Lado A: Orações do “Pai Nosso”, de “São Jorge”, de “Santa Catarina”, do “Anjo/Santo Custódio” e o “Rosário de Maria”, entre outras. Em seguida, apresenta o Reis-de-Boi de Conceição da Barra, incluindo “Eu sou aquele canário”. Contém ainda algumas toadas de congo de bandas da Serra “Soldado de minas”, “Ora fia o fuso”, “Cajuêro abalou” e outras. Na sequência, ouvimos as cantigas “Jogo numerado” e “Beber aguardente” e o conto “Juliana e D. Jorge”. Ao final, Guilherme Santos Neves canta uma versão em cantiga de roda “Barca Nova” (Menina da saia branca, que fazeis neste quintal?), seguida de uma gravação doméstica – conteúdo não relacionado ao folclore. Em alguns trechos da fita a gravação está com a velocidade alterada.

Lado B: Entrevista sobre o Boi Pintadinho com o mestre Julião Lúcio Atanásio, em Alegre, que também canta algumas músicas da festa. Na sequência, Julião e outros entoam vários de pontos de jongo e caxambu. Há entrevistas com os informantes na Praça Rui Barbosa, em Alegre, possivelmente no dia do aniversário da cidade. Em alguns pontos cantados é feita menção ao prefeito.

Conteúdo detalhado

LADO A

[00:00:02.22]
> Oração. Pai nosso, pequenino / Que nos leve em bom caminho / Santa Antônio, meu padrinho / Nossa senhora, minha madrinha…

[00:00:18.22]
> Oração. São Jorge tava deitado / Da sua cama levantou / Em seu cavalo russo montou…

[00:00:48.28]
> Oração. Meu anjo de guarda / Meu bem-aventurado / Convosco, meu anjo / Eu me tenho pegado…

[00:01:13.01]
> Oração. Minha Santa Catarina / Minha esposa divina / Vosso pai se chama Ricardo / E a vossa mãe, Constantina

[00:01:29.29]
> Oração do Santo (ou Anjo) Custódio.

[00:03:12.28]
> Oração. Rosário de Maria.

[00:04:51.02]
> Oração. “Isipa” que deu na pele / Da pele passou pra carne / Da carne passou pro osso…

[00:05:02.10]
> Oração. Tenho fé nas três pessoas da Santíssima Trindade / Que cozo eu? / Carnes quebrada / Nervo rendido / Carne estamancada / Isso mesmo eu cozo

[00:05:36.04]
> Oração. Meus divinos pés / Os fisgaram com uma lança / É por modo dos meus pecados / Sofresse tanta vingança…

[00:06:06.12]
> Reis-de-boi (Conceição da Barra). Toada. A partir daqui trecho possivelmente regravado a partir do gravador Webster.

[00:07:29.28]
> Reis-de-boi (Conceição da Barra). Eu sou aquele canário.

[00:08:49.10]
> Reis-de-boi (Conceição da Barra). Ô meu Santo Reis…

[00:10:58.13]
> Banda de Congo de Jacaraípe. Toada. Soldado de Minas.

[00:13:20.22]
> Banda de Congo de Jacaraípe. Toada. Soldado de Minas (sem instrumentos)

[00:14:41.00]
> Banda de Congo de Jacaraípe (Serra). Toada. Ora fio o fuso (Catarina)

[00:18:24.23]
> Banda de Congo de Campinho (Serra). Toada. Mas que Santo é aquele…

[00:20:22.12]
> Banda de Congo de Campinho (Serra). Toada. Cajuêro abalô.

[00:22:42.06]
> Banda de Congo de Putiri (Serra). Toada de Congo. Iaiá.

[00:24:10.02]
> Cantiga. Jogo numerado.

[00:25:21.25]
> Cantiga. Beber aguardente.

[00:27:16.06]
> Cantiga. Juliana e D. Jorge.

[00:31:49.29]
> Barca Nova (interpretada por Guilherme Santos Neves). Menina da saia branca / Que fazeis neste quintal / Estou lavando meu lencinho / Para a noite de natal… Rema, rema, remadores / Que essas águas são de flores

[00:32:43.19]
> Gravação doméstica. Curto diálogo com criança.

FIM DO LADO A

LADO B

[00:00:00.17]
> GSN: Estamos na cidade de Alegre e vamos ouvir agora alguns pontos de…

[00:00:10.04]
> GSN: E como é seu nome mesmo?

> Orador 2: Julião Lúcio Atanásio.

> GSN: E quantos anos tem?

> JLA: 64 anos.

> GSN: E o Boi Pintadinho… há quanto tempo se brinca aqui em Alegre? Mais ou menos quantos anos?

> JLA: Desde idade de 50 anos.

> GSN: Há 50 anos?

> JLA: É, sou filho daqui.

> GSN: É filho daqui?

> JLA: Sou nascido e criado aqui.

> GSN: E as partes do… em quantas partes, em quantas figuras há nesse Boi Pintadinho?

> JLA: São 12 figuras.

> GSN: 12 figuras. Quais?

> JLA: Hilson, Genuíno, Sebastião, Morilo…

> GSN: Todos daqui?

> JLA: Todos daqui. Manuel…

> GSN: E o senhor?

> JLA: Julião.

> GSN: Sim, Julião.

> JLA: É, sim senhor.

> GSN: E o que representa, quais são os papéis, digamos… há o Boi. Há o Boi. E que mais?

> JLA: Pintadinho.

> GSN: E que mais? Há o vaqueiro, não? Não há vaqueiro?

> JLA: O toureiro.

> GSN: O toureiro, sim.

> JLA: É o Julião. Montador da mulinha é o Barão.

> GSN: Sim. E o que mais?

> JLA: Sanfoneiro é o Morilo.

> GSN: Tem… o que é que tem mais? Não tem outro animal?

> JLA: Não, senhor. É o Boi e a Mulinha. E a turma de Pai João.

> GSN: Tem o Pai João. Catarina não tem? Não tem mulher?

> JLA: Não, senhor.

> GSN: Não tem mulher?

> JLA: Tem mulher, sim senhor.

> GSN: Como é o nome?

> JLA: É Ana Maria…

> GSN: Sim, mas o que ela representa, que figura ela representa dentro da representação?

> JLA: A cantar, acompanhar a música do Boi.

> GSN: Só? Sim. E como é que começa o brinquedo?

> JLA: A cantiga?

> GSN: Sim.

[00:02:37.28]
> Julião Lúcio Atanásio. Cantiga. Boi Pintadinho

Meu Boi Pintadinho
Ê, Boi
Brinca, meu boi
Ê, Boi,
Boi do Zézinho
Ê, Boi,
Esse Boi Pintadinho
Ê, Boi,
Esparrama esse povo,
Ê, Boi,
E brinca, meu Boi,
Ê, Boi
Vamo, meu Boi
Ê, Boi
Esse Boi Pintadinho
Ê, Boi

> GSN: E depois? Há outras cantigas?

[00:03:07.11]
> Julião Lúcio Atanásio. Cantiga. Vamo S’imbora meu Boi

Vamo s’imbora meu Boi
Ê, Boi,
Vamos pra casa,
Ê, Boi,
Vamos descansar,
Ê, Boi
Meu Boi Pintadinho
Ê, Boi

> GSN: E depois? Não há a parte da Mulinha, a cantiga relativa à Mulinha?

> JLA: Não, a Mulinha não tem cantiga não senhor.

> GSN: É só isso depois?

> JLA: É, a Mulinha só sai acompanhando o Boi, né.

> GSN: Tem alguma… o Boi morre?

> JLA: Não, senhor.

> GSN: Não morre? Então o senhor não reparte o Boi? Não oferece pedaços do Boi?

> JLA: Sim, aqui nós não temos esse sistema não senhor.

> GSN: E quanto tempo dura a representação do Boi Pintadinho?

> JLA: Aqui nós brincamos das seis horas até as nove, dez horas.

> GSN: É, né.

> JLA: É, sim senhor. Depois vamos para o salão de baile. Aí temos o Baile do Boi.

> GSN: Como é o Baile do Boi?

> JLA: Tocando a sanfona, pancadaria. Quase que… cantiga…

> GSN: E só aquela mesma parte do Boi?

> JLA: É, a mesma parte do Boi.

[00:04:16.12]
> Cantoria. Menção a um Prefeito Sr. Zezinho.

[00:04:40.19]
> Cantoria.
Alegre deu um urro
Liberdade respondeu
Itaipava tá de luto
Se Chico Ramos (ou Rama) morreu

[00:05:04.10]
> GSN: Como é seu nome mesmo?

> BS: Benedito Silva.

> GSN: Benedito Silva. Quantos anos tem, Benedito?

> BS: 36.

> GSN: Nasceu aqui?

> BS: Não senhor, eu sou nascido fora mas…

> GSN: Fora aonde?

> BS: Nascido em Cacheiro de Itapemirim.

> GSN: Cachoeiro. Cantor?

> BS: Não, lá não senhor. Eu sempre brinco aqui. Sempre brinco aqui com os colegas.

> GSN: Brinca o que?

> BS: Uns caxambuzinho com uns coleguinha aí.

> GSN: Obrigado.

[00:05:28.18]
> GSN: Julião, agora um Jongo, um Caxambu bem velho.

> Julião Lúcio Atanásio. Ponto de Jongo/Caxambu.

No alto daquele morro
Pareceu um bezerro morto
Não tem vaca, não tem boi
Ninguém conta como é que foi

[00:05:58.03]
> GSN: Como é seu nome todo?

> Orador 4: Manuel Francisco Eliotério.

> GSN: Eliotério, você mora aqui, nasceu aqui?

> MFE: Nascido desde Alegre.

> GSN: É? E tem brincado também o…?

> MFE: Brincado sempre aqui.

> GSN: Então sabe cantar algum, sabe tirar algum?

> MFE: Alguma coisinha, um pouco.

> GSN: Então diga aí.

[00:06:16.15]
> Manuel Francisco Eliotério. Ponto. Só vim aqui / Somente passear / Só vim pra conhecer / O povo desse lugar

[00:06:38.24]
> GSN: Julião, mais uma. Quero ouvi-lo.

> Julião Lúcio Atanásio. Ponto de Jongo/Caxambu. Menino de milimeis / Quantos anos tem / Onde é que você andava / Antes de seu pai nascer

[00:07:25.29]
> Ponto.
Fazenda de paineiras
Fazenda de murumbê, ô
Tem uma junta de garrote
que trabalha sem comer.

[00:07:57.13]
> Ponto.

Laurindo foi
tornou voltar
Corpo de burro
natureza de animal

[00:08:22.19]
> Ponto.

Vovô não quer
Casca de coco no terreiro
Vamo alembrar
O tempo do cativeiro

[00:09:03.27]
> Ponto. Fazenda de Panheira / Não tem vaca, não tem boi / Apareceu bezerro novo / Jongueiro, como é que foi

[00:09:28.20]
> Ponto. Josezinho / É um homem de dinheiro / Endireitou Alegre / Pra comprar Rio de Janeiro

[00:10:00.27]
> Ponto. Cobra não tem pé / Cobra não tem mão / Como é que ela sobe / No pezinho de limão

[00:10:22.17]
> Orador 5: Boa noite quem tá me ouvindo, obrigado assistir. Vou cantar um jongo aqui, um ponto campista. Entendeu? Às vezes, não vai dizer que sim; eu creio que é. Entendeu?

> Ponto de Jongo. Come grumatã com espinha, mulatinha

[00:10:59.03]
> Ponto de Jongo. Eu sou de Alegre / Sou nascido no Alegre / Sou criado no Alegre / Pai e Filho, Espírito Santo / Quando eu chego no cangoma / Cangoma ê / Cangoma Ê Ê/ Eu matei meu Boi Laranja / reparti com a freguesia / quando foi no outro dia / Boi Laranja tá na guia

[00:11:46.05]
> GSN: Como é seu nome todo? É laranjeiro mesmo. Mas o nome.

> Orador 6: É Laranjeiro mesmo. Sebastião Jacinto de Paula.

> GSN: Nascido aqui?

> SJP: Não senhor, sou nascido em Minas. Sou criado no estado do Rio.

> GSN: E aprendeu isso que vai cantar onde?

> SJP: No estado do Rio, fui criado.

> GSN: No estado do Rio. Então vamos cantar.

[00:12:07.28]
> Ponto de Jongo. Ê quando cheguei no Alegre, aê / Encontrei Jongueiro, aê / Encontrei papai, aê / Encontrei mamãe, aê / Eu agora vou dizer, aê / Eu sou filho de jongueiro, aê / Nascido no estado de Minas, aê / criado no estado do Rio, aê / Ôi, eu plantei bananeira / Nasceu foi capim

[00:13:17.11]
> Orador: Boa noite para todos. Vai me desculpar minha expressão. Vou dizer uma coisinha aqui.

> Ponto. Seu “Babi” / Tem um boi patife / Ele come pela boca / Bebe água pelo chifre

[00:13:56.20]
> Ponto. Pisei na ponte / A ponte tremeu / Debaixo da ponte / Ô gente, passou foi eu

[00:14:36.19]
> Ponto. Segura a goma / Segura na toada / Povo de fora / Tá fazendo caçoada…

[00:15:10.29]
> GSN: Como é seu nome mesmo?

> Orador 7: Luiz Teodoro de Souza.

> GSN: Luiz Teodoro de Souza. Nasceu no Alegre?

> LTS: Não, eu sou nascido em Minas.

> GSN: Você lembrou…?

> LTS: Sou bem dizer filho de Alegre.

> GSN: O Boi Patife você aprendeu aonde?

> LTS: Eu aprendi em Cachoeiro de Itapemirim.

> GSN: Então vamos cantar…

> LTS: Então, meu cordial Sr. Julião me dá licença que eu vou falar um negócio aqui mas o mestre jongueiro é o senhor.

[00:15:43.07]
> Luiz Teodoro de Souza. Ponto de Jongo. A minha máquina corre tricolina / Riscado não quer cozer.

[00:16:10.25]
> Luiz Teodoro de Souza. Ponto de Jongo. Doutor Babi / Tem um boi que sabe ler / Se ninguém acredita / Vamo lá que eu quero ver

[00:16:46.00]
> Ponto de Jongo. Dá licença meu povo / Dentro deste cangoma / (…) E viva Deus / E viva meu São Jorge

[00:17:38.00]
> Ponto de Jongo. Dona Mariquinha / Debaixo da cama tem garrafinha

[00:18:06.27]
> GSN: Como é seu nome?

> Orador 8: Maria Pires da Silva.

> GSN: Maria Pires da Silva. Naceu aqui em Alegre?

> MPS: Não, sou residente de Guaçuí. Nasci em Guaçuí.

> GSN: Guaçuí. Então o que que vai cantar…? Pode cantar.

[00:18:21.13]
> Maria Pires da Silva. Ponto. O povo dizia que na samambaia não dava milho

[00:18:41.16]
> Manuel Francisco Eliotério. Ponto. Eu agora vou falar, meu povo, aê / Entrei na sala / Saí na cozinha…

[00:19:33.29]
> Ponto. Entrei na sala / Saí na cozinha / Ponto de Congo / Ninguém adivinha

[00:20:12.08]
> Ponto. Eu vim aqui / Ninguém me convidou / Vim na marcha do cavalo / No batido do tambor

[00:21:03.20]
> Julião: (…) Vocês não reparem o meu jongo. Reunião feita para o Prefeito Zezinho de Oliveira dentro da Praça Rui Barbosa. (…)

> Ponto de Jongo. Julião. Eu vim de longe / Minha trouxa fica aí / Quem for dono dela / Ai, toma conta dela aí

[00:22:10.22]
> Luiz Teodoro de Souza. Ponto de Jongo. Tambor, tambor / Ai vai buscar de gente longe / Que o bafo do boi é sereno / O dente da cobra é veneno

[00:23:11.01]
> Luiz Teodoro de Souza. Eu vim de Minas / Vim pro Alegre / E vim ganhar dinheiro / Pra jogar no jacaré

[00:24:01.27]
> GSN: Como é seu nome? Carlito?

> Orador 9: De Oliveira.

> GSN: Nasceu aqui?

> CO: Nasci em Liberdade, distrito de Alegre.

> GSN: E tem quantos anos?

> CO: 24 anos.

> GSN: O que vai cantar, aprendeu aqui?

> CO: Não. Aliás, aprendi em Tombos de Carangola.

> GSN: Tombos de Carangola em Minas?

> CO: É, Minas.
Eu vou cantar.

> GSN: Canta agora.

[00:24:28.16]
> Carlito de Oliveira. Ponto de Jongo. Me dá licença, Jongueiro véi / Que eu quero cantar meu jongo / Se eu vim de muito longe / Eu vim sortando meus tombo

[00:24:59.29]
> Maria Pires da Silva. Ponto de Jongo. Quando eu vi da minha terra / Trouxe facas e facão / Pra cortar crista de galo / Espora de gavião

[00:25:39.20]
> Ponto de Jongo. Quando eu chego na embanda, aê / Peço licença do povo / Moço do paletó branco / Meu chapéu tá te chamando

[00:26:16.17]
> Maria Pires da Silva. Ponto de Jongo. Lá no céu tá trovejando / Mas não é para chover / É meu amor que está doente / Mas não é para morrer

[00:26:43.18]
> GSN: Primeiro você vai dizer seu nome.

> Orador 10: Manuel Jerônimo de Souza.

> GSN: Diga outra vez que eu não ouvi.

> MJS: Manuel Jerônimo de Souza.

> GSN? Manuel? Manuel Jerônimo de souza. Quantos anos tem?

> MJS: 31 anos.

> GSN: 31 anos. Você é daqui de Algre?

> MJS: Não, senhor.

> GSN: De onde é?

> MJS: De Minas.

> GSN: O que vai cantar aprendeu onde?

> MJS: Ah, eu nem sei. Eu sei lá. Eu já vi cantar isso.

> GSN: Então canta.

[00:27:13.15]
> Manuel Jerônimo de Souza. Meia-noite em ponto / Boi Turino deu um berro / Ô que Boi danado / Rebentou portão de ferro

[00:27:37.08]
> GSN: Seu nome como é?

> Orador 11: Antônio Suete.

> GSN: Suete? É descendente de que, alemão?

> AS: Não, Espírito Santo mesmo. Capixaba.

> GSN: E vai cantar um jongo?

> AS: Vou cantar um jongo.

[00:27:49.17]
> Antônio Suete. Ponto de Jongo. Fazenda do Castelo / Não tem vaca e não tem boi / Morreu um bezerro lá / Me conta como é que foi

[00:28:20.11]
> Ponto de Jongo. Na Fazenda do Gerardo / É córrego da Marafunda / Lá nasceu um bezerrinho / Com um macaco na cacunda

[00:28:47.18]
> GSN: Como é o seu nome?

> Orador 12: Maria das Dores.

> GSN: Maria das Dores.

> MD: É, das Dores.

> GSN: Nasceu aqui, Alegre mesmo?

> MD: Alegre.

> GSN: Então vai cantar o que aprendeu aqui no Alegre?

> MD: É.

> GSN: Então cante.

> Maria das Dores. Ponto. Lá em casa matou capado / Ô mamãe quero torresmo / Eu sou filho do teima-teima / Quando eu quero, eu quero mesmo

[00:29:13.15]
> GSN: Seu nome, pode dizer.

> Orador 13: José Galdino.

> GSN: José Galdino, nasceu aonde?

> JG: Jerônimo Monteiro.

> GSN: Em Jerônimo Monteiro, aqui perto.

> JG: É.

> GSN: Aprendeu isso onde?

> JG: Lá mesmo.

> GSN: Lá há jongo? É jongo ou caxambu?

> JG: É jongo.

> GSN: Caxambu é a mesma coisa que jongo?

> JG: É a mesma coisa.

> GSN: Então canta.

[00:29:33.19]
> José Galdino. Ponto de Jongo/Caxambu. Fui no mato corta pau / Cortei cipó macambira / Cada pé tem um sapato / Cada poça uma traíra

[00:29:49.15]
> GSN: Julião outra vez para encerrar.

> JLA: Bora meu povo, então vamos encerrar o nosso trabalhozinho de caxambu nessa noitezinha de sábado pra domingo e mais nossos colegas a desculpar a nossa brincadeira, a nossa reunião, dentro de cidade de Alegre feita para o senhor Zezinho de Oliveira na praça Rui Barbosa. Ah, lá, meu povo, vamos ver se Deus quiser que para o ano [ao dia 15] estamos outra vez nessa praça Rui Barbosa, todos gozando de saúde e felicidade.

[00:30:24.00]
> Julião. Ponto de Jongo/Caxambu. E viva Deus / Também viva seu Zezinho

[00:30:45.15]
> Ponto de Jongo/Caxambu. Quando eu chego na imbanda (…) / Galinha de sete terreiro / Governado por um galo só

FIM

Destaques do Lado A

Reis-de-boi (Conceição da Barra). Toada.
Banda de Congo de Jacaraípe. Toada. Soldado de Minas.
Banda de Congo de Campinho (Serra). Toada.
Banda de Congo de Putiri (Serra). Toada de Congo. Iaiá.
Cantiga.

Destaques do Lado B

Entrevista Julião Lúcio Atanásio. Mestre do Boi Pintadinho de Alegre.
Julião Lúcio Atanásio. Cantiga. Boi Pintadinho.

Ficha técnica

Código de referência

GSN_FR_C43

Título (atribuído)

Orações, Reis-de-Boi, Congo, Jongo e Caxambu

Data de gravação

Não especificada

Local de gravação

Alegre, ES, Brasil
Conceição da Barra, ES, Brasil

Suporte de gravação

Fita Rolo

Duração

Lado A: 32min58s
Lado B: 31min13s

Idioma

Português

Gênero

Entrevista, Registro Documental

Data da digitalização

12/05/2021

Informações no estojo

Reis de Boi (fita)

Marca e modelo

BASF

Observações

Para disponibilização pública na página do projeto, optou-se por restringir o acesso ao conteúdo não relacionado ao folclore presente no final do Lado A.

Personagens

Guilherme Santos Neves; Julião Lúcio Atanásio; Benedito Silva; Manuel Francisco Eliotério; Sebastião Jacinto de Paula; Luiz Teodoro de Souza; Maria Pires da Silva; Carlito de Oliveira; Manuel Jerônimo de Souza; Antônio Suéti; Maria das Dores; José Galdino

Referências externas

Sobre a oração Santo/Anjo Custódio, ver:
NEVES, Guilherme Santos. As doze palavras ditas e retornadas. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 1. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 409-415.

Sobre as toadas de congo “Soldado de Minas” e “Cajuêro Abalô”, ver:
NEVES, Guilherme Santos. Presença de Minas na poesia popular capixaba. Folclore, ano VII, n° 37/39. Vitória: Comissão Espírito-santense de Folclore, Julho-Dezembro de 1955.
______________________. História do Brasil na poesia do povo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 1. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 300-303.
______________________ . Toadas de Congo. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, p. 15.

A Barca Nova é uma cantiga oriunda do romance português, presente no folclore brasileiro em diversas versões, como na famosa cantiga de roda que leva este mesmo nome e corresponde à versão cantada por Guilherme Santos Neves no Lado A desta fita. A Barca Nova está presente na Parte de Mouros do auto popular conhecido no Espírito Santo como Marujada, com modificações nos versos e música completamente distinta. Ver:
NEVES, Guilherme Santos. Presença Açoriana no Folclore Capixaba. Folclore, n° 92. Vitória: Comissão Espírito-santense de Folclore. Agosto de 1979.
_____________________ . Barca Nova. Vida Capichaba. Vitória, 09 de Setembro de 1949.

Sobre Boi Pintadinho, ver:
NEVES, Guilherme Santos. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 145-146

As manifestações denominadas jongo e caxambu (ou ainda tambore, tambu) são encontradas em diversos locais na região Sudeste do Brasil, mais especificamente no vale do rio Paraíba do Sul e no litoral fluminense e capixaba (IPHAN, 2007). Em 2005, o Instituto Histórico e Artístico Nacional decretou o jongo Patrimônio Cultural Brasileiro. Sobre o Jongo no Espírito Santo, especificamente sobre o Jongo em Cachoeiro de Itapemirim (sul do estado), escreve o pesquisador Renato Pacheco: “Os ‘pontos’ cantados dizem respeito, em geral, à vida no campo, aos transportes, aos santos católicos, às relações com as autoridades, entremeados com sucessos locais e palavras de origem africana” (1956-1957). Ver:
Jongo no Sudeste. Brasília: IPHAN, 2007.
ANDRADE, Patrícia Rufino Gomes. Olhares sobre Jongos e Caxambus: processos educativos nas práticas religiosas afro-brasileiras. Tese (Doutorado em Educação). Centro de Educação, Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, 2017.
NEVES, Guilherme Santos. Dança de Negro. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, p. 261-262.
PACHECO, Renato José Costa. O Jongo no Cachoeiro. In: NEVES, Guilherme Santos. Folclore, ano VII/VIII, n°40/48. Vitória: Comissão Espírito-santense de Folclore,1956-1957.
SIQUEIRA, Jane Seviriano; DE OLIVEIRA, Osvaldo Martins. O Jongo de São Benedito e o Samba do Tempo Antigo: uma análise das narrativas dos jongueiros da região norte do Espírito Santo. Revista Sinais, v. 22, n. 1. Vitória, 2018.

Uso e permissão

Permitida divulgação. Permitida utilização educacional. Não permitido uso comercial.