C40 • Cantigas populares e Concurso de Sanfoneiros (Santa Leopoldina, ES, 1964)

Lado A: Registro de algumas cantigas populares, interpretadas por Lindaura. Em seguida ouvimos uma série de cantigas colhidas em Junho de 1963, em Rio Bonito, no município de Santa Leopoldina, cantadas pelas meninas Nilza Freichel, Alzira e Ulrica Schröder, Sabina Voelz e Florinda Kuster, acompanhadas da professora Dorothea Hartwig e na presença do professor Frederico Seide – entre as cinco cantigas entoadas, quatro possuem versos em dialeto alemão e uma em português. Na sequência, o músico Lauro Santos toca no violão uma modinha composta por seu pai (referido na Fita B26). Ao final, entrevista com Manduca Evêncio, conduzida por Guilherme Santos Neves, sobre a relação entre o bispo Dom João Nery, Manuel Antônio de Moraes e os registros da Cabula no estado.

Lado B: Concurso de Sanfoneiros em Santa Leopoldina, em 19 de abril de 1964, com diversas apresentações públicas.

Obs.: Oradores 5 e 6 não identificados até o momento.

Conteúdo detalhado

LADO A

[00:00:01.13]
GSN: Alô. Vamos fazer uma ligeira gravação ouvindo Lindaura cantando…

[00:00:12.17]
> Lindaura. Encontrei três Marias / Numa noite de luar / Procurando Jesus Cristo / Sem poder relaxar

[00:01:27.02]
> Lindaura. Na igreja de Benedito / Presépio de Jesus / Eu vi uma cruz (Entra pra dentro, vaqueiro)

[00:03:08.04]
> Lindaura. Ô que rosa pequenina / Ô que rosa pequenina / que deu lá no meu jardim…

[00:05:26.12]
> Lindaura. Entra pra dentro vaqueiro / entra pra dentro vaqueiro / este vaqueiro chegou no salão / vamos brincar

[00:06:39.04]
> Lindaura. Amanhã eu vou-me embora / Que saudade pequenina / A saudade me maltrata / A saudade do meu peito

[00:09:41.10]
> Augusto Emilio Estellita Lins: Apaixonado pelo assunto, inesquecível fundador da Revista Canãa, e o mestre Guilherme Santos Neves, que é com meu filho Dalton Lins um incansável sonhador da edição do meu livro. A estes, peço: revisarem o trabalho principal “Graça Aranha e o Canaã no Espírito Santo”, adaptando a cada capítulo as nossas correspondências já em rascunho e colocando tudo na nova ordem que lhe planejei, isto é, na dos assuntos e temas dos próprios capítulos do Canaã, pois não era esta mas arbitrária a primeira disposição dada aos capítulos do meu ensaio.

[00:10:34.29]
> Lindaura. Cantiga. Quem tem medo corre / vai cuidar de se esconder / Vem a loba / procurando o que comer

[00:11:01.09]
> Lindaura. Cantiga. Na cidade vai chegando / na cidade vai chegando / lá vem o Jaguarão / abriu-se a porta ô Maria (Minha gente, lá vem o Jaguarão)

[00:11:55.28]
> Lindaura. Cantiga. Lá vem os beija-moça / Abraçando os pessoal / As menina estão falando / que o beija-moça, que o beija-moça é maior do que povo

[00:13:26.02]
> Augusto Emilio Estellita Lins: Um vestido da criança está comigo… um quadro em que se contém um caixo de cabelo do pequenino príncipe e outras coisas assim preciosíssimas. Favores que ainda nesse momento me emociona profundamente e que eu não penso poder jamais retribuir. Meus amigos, muito obrigado pela atenção [e eu tenho terminado].

[00:14:17.17]
> Cantiga (coro). Rote Kirschen.

Rote Kirschen ess’ ich gern,
Schwarze noch viel. lieber.
In die Schule geh’ ich gern,
Alle tage wieder.
Platz gemacht, Platz gemacht
Für die reicher Damen!

(Gosto de comer as ameixas vermelhas,
As pretas, muito mais;
Gosto de ir à escola,
Todo os dia de novo.
Abram alas, abram alas,
Para as ricas damas!)

> Dorothea Hartwig: Isso, agora temos que continuar, né…

[00:14:59.15]
> Cantiga (coro). “Ringel, Ringel, Reihe”

Ringel, Ringel, Reihe
Alle kinder dreie
Kommen an den Busch
Machen alle – husch, husch, husch!

(Roda, roda em fila,
Todas as crianças giram,
Vêm pra junto do arbusto,
E aí se escondem – husch, husch, husch!)

[00:15:19.11]
> Cantiga (coro). “Ringel, Ringel, Rosekranz”

Ringel, Ringel, Rosekranz
Kettel hangt am Füer,
Mecken sin so düer…
Kicken sin so kleie[n]
Hohner sin so groot – kikiriki!

(Roda, roda, grinalda de rosas,
A panela está [pendurada] no fogo,
Moças são tão caras…
Pintos são tão pequenos,
Galos são tão grandes – quiquiriqui!)

[00:15:40.17]
> Cantiga (coro). Não identificada.

[00:16:17.07]
> Cantiga (coro).

Ô rosa eterna
dai um beijo só,
dai um beijo de amor
dai um beijo só

Ô prima [Nilza]
dai um beijo só,
dai um beijo de amor
dai um beijo só

[00:17:38.13]
> Cantiga.

Ai, o povinho, ai lá de casa
Ai, todos, ai todos sabe o meu cantar
Ai, põe a panela no fogo
Ai, deixe o feijão, deixa o feijão cozinhar

Quando fores dê lembrança
E aquela prenda querida
Ai, se a dula for riqueza
Ai, eu sou pobre toda a vida

[00:18:36.26]
> Lauro Santos: Bom, agora a mudinha que era do meu pai.

> Mudinha. Lauro Santos. Ô ingrata tenha dó / tenha de mim compaixão

[00:20:28.18]
>GSN: Pronto, Manduca, pode falar.

> Manduca Evêncio: Quando o saudoso bispo Dom João Correia Nery visitou esta cidade (Conceição da Barra), era então professor público o normalista Manuel Antônio de Moraes, natural de Viana, que tinha alguns estudos sobre a Cabula, tendo ido tomar parte nas… como diz? No ritual dos cabuleiros para poder fazer um juízo seguro. Ali, viu coisas surpreendentes. Entre essas, referiu-me ele no dia seguinte que viu um menino de cerca de dez anos de idade, com pressão débil, fraca, conduzir uma palmeira que talvez quatro ou cinco homens robustos não pudessem fazer. Viu também uma senhorita de família abastada agarrar nas palmas do (?) mirim, extremamente espinhoso, e esgarçá-las, transformá-las as palhas em farrapos, em fragmentos. Estas apreciações ele coligiu-as num manuscrito que presenteou ao bispo já aludido.

> GSN: O ritual todo foi descrito por ele e entregue a Dom João Nery?

> ME: Não senhor. Eu…

> GSN: Quando Dom João Nery esteve aqui eles estiveram juntos, naturalmente.

> ME: Ah, estiveram. Tinha muito contato com Dom João Nery. Tanto assim que ele presenteou-o com o seu manuscrito.

> GSN: Mas nesse manuscrito não estavam, versos, não estava o vocabulário usado na cabula?

> ME: Não senhor, não senhor. Inferiu apenas esses fatos. O Moraes até ressentiu-se porque o Bispo não foi sincero com ele. Tentava passar como tendo assistido à exibição do Cabula.

> GSN: Mas não assistiu?

> ME: Não, absolutamente. Quem assistiu foi o Moraes.

> GSN: Quantos dias esteve Dom João Nery aqui?

> ME: Não posso…

> GSN: Mas teve mais de dois, três…?

> ME: É, devia ter de três a quatro dias.

> GSN: Três a quatro dias. Isso foi em 1900 segundo a sua pastoral. Obrigado, Manduca. Muito obrigado por tudo que você, que o senhor me diz.

> ME: Ah, não. Elimine essa senhoria.

FIM DO LADO A

INÍCIO DO LADO B

[00:00:01.24]
> GSN: Alô, alô, alô. Atenção ouvintes, atenção ouvintes. Hoje, dia 19 de Abril de 1964, estamos a postos na cidade de Santa Leopoldina prontos para a gravação do Concurso de Sanfoneiros, promoção do meritíssimo juiz Renato José Costa Pacheco.

[00:00:38.05]
> Sanfona. Instrumental.

[00:02:07.29]
> GSN: Diga alguma coisa, diga.

> Orador 5: Eu não.

> Orador 6: Bom dia, bom dia. Bom dia, Doutor Guilherme.

> GSN: Anda, menino.

> Orador 5: Não.

[00:02:16.05]
> Sanfona. Instrumental.

[00:03:28.29]
> Sanfona. Instrumental.

00:05:05.0
> Aplausos.

[00:05:10.08]
> Sanfona. Instrumental.

[00:07:20.09]
> Sanfona. Instrumental.

[00:09:09.05]
> Aplausos.

[00:09:14.09]
> Sanfona. Instrumental.

[00:10:43.25]
> Aplausos.

[00:10:49.10]
> Sanfona. Instrumental.

[00:12:38.26]
> Sanfona. Instrumental.

00:15:20
> Sanfona. Instrumental.

[00:17:35.15]
> Sanfona. Instrumental.

[00:19:44.19]
> Sanfona. Instrumental.

[00:21:23.08]
> Sanfona. Instrumental.

[00:23:45.10]
> Sanfona. Instrumental.

[00:27:27.15]
> Sanfona. Instrumental.

FIM

Destaques do Lado A

Cantigas cantadas por Lindaura.
Cantigas do folclore teuto-capixaba colhidas em Rio Bonito, Santa Leopoldina, em 1963.
Manduca Evêncio fala sobre a Cabula.

Destaques do Lado B

Concurso de sanfoneiros em Santa Leopoldina em 19 de Abril de 1964.

Ficha técnica

Código de referência

GSN_FR_C40

Título (atribuído)

Cantigas populares e Concurso de Sanfoneiros (Santa Leopoldina, ES, 1964)

Junho de 1963; 19 de Abril de 1964

Local de gravação


Suporte de gravação

Fita Rolo

Duração

Lado A: 24min35s
Lado B: 31min8s

Idioma

Alemão, Pomerano, Português

Gênero

Entrevista, Registro Documental

Data da digitalização

12/05/2021

Informações no estojo

Cantiguinhas teuto-capixabas

Observações

Rolo armazenado em estojo de outra fita.

Personagens

Guilherme Santos Neves; Lindaura; Nilza Freichel; Alzira Schröder; Ulrica Schröder; Sabina Voelz; Florinda Kuster; Dorothea Hartwig; Frederico Seide; Augusto Emilio Estellita Lins; Lauro Santos; Manuel Antônio de Oliveira (Manduca Evêncio)

Referências externas

Sobre as cantigas colhidas em Rio Bonito, ver:
NEVES, G. S. Folclore infantil teuto-capixaba. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 1. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, p 300
Idem, pp. 602-608.

Sobre D. João Nery e seus estudos sobre a Cabula, ver:
NEVES, G. S. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, p 300-302.
Idem, pp. 393-398.
Idem, p. 308-402.
NERY, D. J. B. C. Cabula: Um culto afro-brasileiro. In: NEVES, Guilherme Santos (org). Folclore, n° 3. Vitória: Comissão Espírito-santense de Folclore, 1963.

Sobre Manduca Evêncio, ver:
NEVES, G. S. Manduca Evêncio: 100 anos. Coletânea de Estudos e Registros do Folclore Capixaba: 1944-1982. Vol 2. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas no Espírito Santo, 2008, pp. 308-310.

Uso e permissão

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