Lado A: Apresentação de bateria (instrumental). Conteúdo não relacionado ao folclore.
Lado B: Toadas de congo cantadas por Antônio Ribeiro e Clarício Machado, entre outros: “Maria me dá meu lenço”; “São Benedito”; “Eu vou-me embora com São Benedito”. Gravação realizada possivelmente em 1964, durante a festa da Puxada do Mastro em Maruípe, da qual Clarício Machado participava como mestre da Banda de Congo de Mulembá. Em seguida, trecho de dramatização da Marujada (embaixadas mouras), seguida por declamação de poesias (literatura brasileira). Ao final, apresentação de bateria (instrumental).
Obs.: Orador 3 não identificado até o momento.
Conteúdo detalhado
LADO B
[00:00:01.11]
> Guilherme Santos Neves: Assovio e canto.
Eu queria, eu queria uma carçaca
Para ir à Maruípe
Maruípe fica no fim do mundo,
Caruípe
[00:00:40.13]
> GSN: Alô, alô, será que melhorou? Será, será? Alô, Alô? Será que melhorou? Alô, alô?
Antônio Ribeiro é que vai falar, cantar agora. Antônio, pode cantar sozinho.
[00:01:04.04]
> Antônio Ribeiro: Maria me dá meu lenço.
> AR: Toada de Congo. Maria me dá meu lenço.
[00:03:58.15]
> GSN: Como é seu nome mesmo?
> CM: Clarício Machado, seu criado.
> GSN: De onde você é?
> CM: Sou de Riacho.
> GSN: Riacho?
> CM: Riacho. Município de Aracruz.
> GSN: Então vamos cantar aí…
> CM: São Benedito. Pode continuar?
[00:04:13.03]
> CM: Toada de Congo. São Benedito.
São Benedito foi se encarnar
São Benedito foi se encarnar
De uma semana a outra Deus tirou um dia
De uma semana a outra do Rosário de Maria
Ô meu São Benedito, ô
Ô meu São Benedito, á
Ô meu São Benedito se encarnou
Foi pro Rosário
[00:06:51.10]
> Orador 3: Posso cantar?
> GSN: Vai cantar o que?
> Toada de Congo. Eu vou-me embora com São Benedito…
Eu vou, eu vou
Junto com São Benedito
São Benedito vai embora
Eu sozinho é que não fico
Eu vou-me embora com São Benedito
[00:10:31.14]
> Dramatização da Marujada. Embaixada – diálogo entre embaixadores cristãos e mouros. (Com velocidade errada)
Rei de mouros: Embaixador, [inaudível] os seus inimigos e [inaudível] minha paz em perigo. [Inaudível]
Segue.
Embaixador: O santo representante dos inimigos da fé, de ordem do rei da cristandade, ordeno-vos não dar mais um único passo a frente. Como parte integrante do regime cristão, [conselho] abandonar-te o teu malfama e converter-te ao cristianismo, aceitando o batismo em nome do nosso Deus. Vivei no fanatismo adorando ídolos de toda a espécie e cometendo crimes que comovem consciência e ofendem a Deus. Se desejais persistir no erro de não vos submeteis à nossa santa religião, seremos forçados a vos impôr pelas armas o que desejaríamos fazer pela palavra de conselheiro do bem. Irás, então, conhecer o valor dos nossos soldados e quando a fama do pavilhão cristão tremular nos campos de batalha sob os destroços do teu exército derrotado. Repeitai os trovões, temei as ondas encapeladas. Obedeceste ao islamismo. Desconheceste a existência de um Deus todo poderoso protetor da humanidade. Esquecei os teus ídolos, deixas o alcorão e abandona teu falso Deus Alá. E vem para o nosso convívio antes que seja tarde. O nosso Deus sabe perdoar os bárbaros que se arrependem. Mas, se não quiseres aceitar as palavras de um nobre embaixador, lançarei mão de nossas armas para derrota do seu fanatismo.
Dai-me a resposta.
Rei de mouros: Atrevido embaixador, eu como um rei que sempre fui amado e respeitado, tu ousa chegar em meu reino com palavras irritantes, mostrando a tua falta de educação. Estava quase mandando-vos fuzilar, mas atendendo à minha bondade volta e diga ao teu rei que no campo de batalha eu mostrarei.
[pausa]
Embaixador, vai ao palácio do Rei Maomé que diz ser senhor da maior parte do mundo e diga que se ele se converter à seita idolatria seremos amigos e faremos a paz; mas, se esse acordo ele não aceitar, grande guerra […] sanguinolenta temos que travar, deixando o povo dele em completa escravidão.
Segue.
Embaixador: Covarde rei, o meu senhor acaba nesse instante de receber uma embaixada tua, ignora ser ele o poderoso senhor do sol e da lua. Não afrontes Maomé, nosso profeta, [inaudível] rei que proclamaste… que nenhuma no mundo encontraste. Não duvide das palavras que eu digo, dando credo à inversidade, pois em adorar o alcorão [inaudível]. Ficaremos todos como irmãos, gozando as [relíquias] da Turquia. Te daremos a metade da riqueza em ouro, prata ou pedraria. Se tu não quiseres aceitar, grande guerra havemos de travar, amarrando o teu soldado [inaudível] e toda a tua gente degolar. Temos nosso sol iluminador, que dilacera o seu povo amado, que nos dá força e coragem de ver o seu exército derrotado.
Dai-me resposta.
Rei de mouros: És tu, embaixador de toda a Mauritânia. Mas tu é ousado. O teu rei é um [inaudível] o que renuncia de toda a confiança diante o meu exército. O Deus, dá-me confiança para… meus solados, para desaparecer toda essa ignorância. Volta, diga a este ousado rei, no campo de batalha… quero ver que sairá vitorioso. [Inaudível] esse grande ousado, com palavras impossíveis de frente do meu exército.
[00:14:38.00] Conteúdo excluído da disponibilização pública.
> Declamação de poesias. “Catimbó” (Ascenso Ferreira, 1922-1929); “José” (Carlos Drummond de Andrade, 1942). “O dia da criação” (Vinícius de Moraes, 1946); “O Auto” (Mário de Andrade).
[00:24:11.14]
> Bateria. Instrumental.
FIM