A fita contém toadas de congo interpretadas pela Banda de Congo de Manguinhos, antiga vila de pescadores do município de Serra. Em seguida, apresenta a dramatização de uma Folia do Divino realizada no município de Viana, com breve homenagem a Guilherme Santos Neves incluída na cantoria. A Folia faz parte da tradição da Festa do Divino Espírito Santo, festejo tradicionalmente realizado no município, centro da colonização açoriana no Espírito Santo. Guilherme pesquisa a realização do festejo em diversas regiões capixabas, especialmente em Iconha, Viana e Marataízes (durante a Festa das Canoas). Embora não seja possível precisar a data da gravação da Folia presente nesta fita, é notável que o pesquisador anuncia em artigo de 06 de Janeiro de 1960 a realização de uma Festa do Divino em Viana nesta mesma data. No artigo mencionado, ele diz que foi possível recolher parte das cantigas entoadas registradas pelos próprios foliões na residência do senhor João do Nascimento. O pesquisador relata, ainda, ter gravado em outras ocasiões os cânticos da Folia, com seu coro e seus tambores. A fita contém, ao final, um trecho curto de entrevista do musicólogo e folclorista Renato Almeida realizada em Vitória, no qual o professor comenta brevemente sobre as pesquisas de coreografia e indumentária no Brasil. Todo o conteúdo é apresentado por Guilherme Santos Neves como “regravação”.
Conteúdo detalhado
INÍCIO
[00:00:00.00]
> Guilherme Santos Neves: Em regravação, Banda de Congo de Manguinhos.
[00:00:08.16]
> Banda de Congo de Manguinhos. Toada. Roubaram meu bem, roubaram…
[00:02:01.07]
> Banda de Congo de Manguinhos. Toada. Dalina minha irmã.
[00:03:38.03]
> GSN: Regravação de uma Folia do Divino em Viana.
> Folia do Divino. Toada/dramatização.
[00:07:19.06]
Referência a Guilherme Santos Neves
Do senhor, Doutor Guilherme
Do senhor, Doutor Guilherme
[…]
Ele veio a irradiar
[…]
Os ajudantes estão pedindo
O senhor vai à viagem
Pra levar…
Do divino bom despacho
[00:17:43.02]
> GSN: Trecho rápido da entrevista de Renato Almeida aqui em Vitória.
> Renato Almeida: As duas coisas que ainda ninguém escreveu, é doloroso, um é sobre a indumentária. Outro, este é muito importante, é sobre a coreografia brasileira popular. Não existe nada. Num congresso apareceu 176 […] não apareceu uma só sobre indumentária e uma só sobre coreografia. […] no Rio no ano passado, aquela grande bailarina americana, a Dunham, Catherine Dunham, que fez realmente ou que faz realmente o verdadeiro teatro folclórico, porque é a […] o bailado do elemento folclórico. Não o bailado folclórico transposto. Isso é meio difícil, eu não quero discutir… mas é a aplicação do folclore ao bailado, e ela […] bailarina, para realizar essa ideia. Porque ela é uma estudante de etnografia e ela foi dirigir uma missão de estudantes de etnografia às Antilhas. Estudar etnografia, o folclore. Lá viu vários aspectos e então teve a ideia de transpor. Ela me procurou para me pedir algumas informações sobre coreografia brasileira, aí eu tive que dizer que é um trabalho a começar. E aí nos falta muito, porque nos falta não só o estudo, a pesquisa, o registro, como também nos faltam técnicas porque…
> [falas indistintas]
> RA: Nós temos pequenos desenhos muito primários. O Alceu Maynard Araújo tem feito umas coisas…
> Orador 2: Mas não há uniformidade nas convenções.
> RA: E depois, apenas o tema. Apenas o tema do movimento […], do movimento dos passos. Mas a coreografia não é só movimento dos passos, é o movimento do corpo todo. É tudo isso. Eu creio que se nós um dia tivermos um […] para cuidar de folclore, seria interessante nós contratarmos um ou dois técnicos para estudar conosco, porque há riquezas excepcionais. Este ano esteve no Rio um grupo de frevo de Pernambuco, a […] deste bailado é de uma riqueza só comparada à riqueza do bailado, é uma maravilha o que eles fazem. Naturalmente é o bailado bruto, digamos assim, é o bailado popular. A transposição disso para o bailar típico…
FIM